Política / Justiça
STF evita polêmica com Trump e reforça que resposta cabe à diplomacia e à política
Magistrados classificam como "risível" a fala do presidente dos EUA em defesa de Bolsonaro e afirmam que instituições brasileiras funcionam sem interferência externa
07/07/2025
13:00
DA REDAÇÃO
©ARQUIVO
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram adotar uma postura de prudência institucional diante das declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que, em sua rede social Truth Social, acusou o Brasil de promover uma "caça às bruxas" contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A avaliação no Supremo é que eventuais respostas devem partir do campo diplomático e político, e não do Judiciário. Segundo ministros ouvidos reservadamente, Trump busca repercussão política, especialmente diante do incômodo crescente dos EUA com a reunião dos BRICS no Brasil, realizada recentemente no Rio de Janeiro.
“Ao contrário do que aconteceu lá, aqui as instituições são respeitadas. E tudo segue o caminho legal, sem interferências internas, muito menos externas. É risível a fala de Trump”, comentou um ministro à imprensa.
“As instituições brasileiras estão funcionando melhor do que as dos Estados Unidos”, completou.
Outro integrante do STF destacou que as ações penais contra Bolsonaro seguem o devido processo legal, com direito à ampla defesa:
“A ação penal em que ele é réu está julgando tudo aquilo que vimos no Brasil no final de 2022 e início de 2023. Está tudo documentado, e ele está tendo a oportunidade de se defender.”
O magistrado ainda avaliou como “estranho o timing” das declarações de Trump, que decidiu se manifestar apenas agora, justamente em meio a tensões comerciais e geopolíticas envolvendo os BRICS e os Estados Unidos.
Dentro do Palácio do Planalto, a percepção é semelhante. Assessores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliam que o comentário de Trump foi uma reação direta à crescente influência do BRICS, especialmente após a cúpula no Brasil.
“Ele mostrou que está preocupado com a reunião do BRICS aqui”, afirmou um assessor presidencial.
O presidente Lula e a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, já haviam rebatido publicamente a declaração de Trump. Gleisi, que também é presidente nacional do PT, classificou como inaceitável que um chefe de Estado estrangeiro critique decisões da Justiça brasileira em defesa de um réu condenado ou investigado.
“A Justiça é independente, e o processo contra Bolsonaro é conduzido com base em provas, não por perseguição”, afirmou Gleisi.
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