Política / Meio Ambiente
Na Cúpula do Clima, Lula convoca líderes mundiais à “coragem para transformar a realidade” e defende ciência e justiça social como pilares da COP30
Presidente abre encontro de chefes de Estado em Belém e afirma que é hora de substituir discursos por ação: “A COP30 será a COP da verdade”
06/11/2025
14:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Diante de dezenas de chefes de Estado e representantes internacionais reunidos em Belém (PA) nesta quinta-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso contundente na Cúpula dos Líderes da COP30, marcando a abertura da conferência que antecede o evento principal das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, previsto para começar na próxima segunda-feira (10).
Com tom de urgência e apelo à ação, Lula afirmou que a ciência deve guiar as decisões políticas globais e que o encontro sediado pela primeira vez em um país amazônico precisa se tornar um divisor de águas na luta contra o aquecimento global.
“Esta Cúpula de Líderes é uma inovação que trazemos ao universo das COPs. Nosso objetivo será enfrentar as divergências. A COP30 será a COP da verdade. É o momento de levar a sério os alertas da ciência. É hora de encarar a realidade e decidir se teremos ou não a coragem e a determinação necessárias para transformá-la”, declarou o presidente.
Em seu pronunciamento, Lula ressaltou que a agenda climática precisa ocupar posição central nas decisões de governos, empresas e cidadãos.
“Deve estar no centro das decisões de cada governo, de cada empresa, de cada pessoa. A participação da sociedade civil e o engajamento de governos subnacionais será crucial. Acelerar a transição energética e proteger a natureza são as duas maneiras mais efetivas de conter o aquecimento global.”
O presidente defendeu um planejamento justo e coordenado para reverter o desmatamento, superar a dependência dos combustíveis fósseis e mobilizar recursos financeiros internacionais destinados a esses objetivos.
“Precisamos de mapas do caminho para, de forma justa e planejada, alcançar essas metas”, reforçou.
Lula alertou para o descompasso entre o debate diplomático e a realidade climática, criticando a influência de forças extremistas que propagam desinformação e atrasam a adoção de medidas eficazes.
“Forças extremistas fabricam inverdades para obter ganhos eleitorais e aprisionar as gerações futuras a um modelo ultrapassado. Rivalidades estratégicas e conflitos armados desviam recursos que deveriam ser usados para combater o aquecimento global. Enquanto isso, a janela de oportunidade para agir está se fechando rapidamente”, advertiu.
O presidente também destacou que não há política ambiental eficaz sem justiça social.
“A justiça climática é aliada do combate à fome e à pobreza, da luta contra o racismo, da igualdade de gênero e da promoção de uma governança global mais representativa e inclusiva”, afirmou Lula, reiterando que a transição verde precisa ser socialmente justa e incluir os mais pobres no processo de adaptação.
Lula voltou a defender o multilateralismo como base da cooperação internacional e lembrou que o ano de 2025 marca os 80 anos da ONU e os 10 anos do Acordo de Paris.
“O regime climático não está imune à lógica de soma zero que tem prevalecido na ordem internacional. O Acordo de Paris é forte porque respeita o protagonismo de cada país na definição de suas metas, à luz de suas capacidades nacionais”, afirmou.
O líder brasileiro destacou ainda a integração da agenda da COP30 com o G20 e o BRICS, ambos presididos recentemente pelo Brasil.
“No G20, colocamos na mesma mesa os ministérios de Meio Ambiente e de Finanças das 20 maiores economias do mundo. No BRICS, reafirmamos a centralidade do financiamento climático, da capacitação e da transferência de tecnologias.”
O secretário-geral da ONU, António Guterres, apoiou o posicionamento do presidente brasileiro e reforçou que a COP30 precisa marcar uma virada de atitude global.
“Presidente Lula, o senhor chamou esta COP de ‘COP da verdade’. Eu não poderia concordar mais. A crise climática está se acelerando. Mas outra verdade é evidente: nunca estivemos tão bem equipados para lutar. O que ainda falta é coragem política. Podemos escolher liderar ou ser levados à ruína. Escolham fazer de Belém o ponto de virada. Apoiem a ciência. Defendam as gerações futuras. Não é mais hora de negociações. É hora de implementação, implementação e implementação.”
Convocada por Lula, a Cúpula dos Líderes da COP30 representa um marco diplomático e político no processo de mobilização global pela agenda climática.
O evento, que antecede a conferência principal entre os dias 10 e 21 de novembro, reforça o papel do Brasil como protagonista nas discussões ambientais internacionais e como porta-voz dos países amazônicos e em desenvolvimento.
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