O aguardado encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, realizado nesta sexta-feira (15) no Alasca, terminou sem acordo sobre um cessar-fogo para a guerra na Ucrânia. Após três horas de reunião, marcada por simbolismo histórico e forte expectativa internacional, ambos os líderes reconheceram avanços parciais, mas admitiram que persistem entraves significativos para a paz.

🔹 O tom de Putin

O presidente russo adotou discurso mais otimista que Trump, mas reforçou as condições de Moscou para um avanço real:

• Defendeu que é preciso eliminar as “raízes primárias do conflito”.

• Disse que a paz exige um reposicionamento da segurança europeia, levando em conta as preocupações da Rússia com a OTAN.

• Classificou a Ucrânia como uma “nação de irmandade” e chamou a guerra de “tragédia”.

• Sugeriu que houve algum “acordo” durante a reunião, sem detalhar seu conteúdo.

“Para que exista um acordo duradouro, precisamos reinstalar uma segurança equilibrada na Europa e no mundo. Esta é uma preocupação legítima da Rússia”, afirmou Putin.

O tom de Trump

O presidente norte-americano demonstrou visível frustração. Embora tenha classificado o encontro como “muito produtivo” e comemorado entendimentos comerciais com Moscou, ressaltou que ainda não há consenso:

• Disse que “concordaram em muitos pontos, mas restam poucos, e um é o mais significativo”.

• Admitiu que só haverá acordo após consultas com a OTAN e uma conversa direta com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.

• Reforçou a narrativa de que fez um “trabalho fenomenal”, mas sem resultados concretos para o fim da guerra.

“Não há acordo até que eu fale com a Otan e com várias pessoas. Vou ligar para o presidente Zelensky”, disse Trump.

O contexto do encontro

• Foi a primeira cúpula EUA-Rússia desde 2022, início da invasão da Ucrânia.

• O local escolhido, o Alasca, carrega simbolismo: vendido pela Rússia aos EUA no século 19 e próximo ao território russo.

• Durante a campanha de 2022, Trump prometeu “resolver a guerra rapidamente” caso eleito, promessa que agora encontra obstáculos diante do impasse com Putin.

• O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, não foi convidado para o encontro, mas deve conversar com Trump nos próximos dias.

O que está em jogo

• Ucrânia e Europa: Putin insiste que Kiev e líderes europeus aceitem as exigências de Moscou sobre segurança continental.

• Otan: a eventual entrada da Ucrânia na aliança militar é um dos principais pontos de conflito.

• Imagem de Trump: a falta de acordo enfraquece sua tentativa de se consolidar como o “presidente da paz”.