Trânsito / Habilitação
CNH sem autoescola: proposta do governo divide opiniões e ameaça setor de formação de condutores
Fim da obrigatoriedade de aulas em autoescolas pode reduzir custos em até 80%, mas entidades alertam para risco de acidentes e fechamento de 15 mil empresas
17/08/2025
15:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O Ministério dos Transportes apresentou proposta que elimina a obrigatoriedade de aulas em autoescolas para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O objetivo, segundo o governo, é baratear o processo em até 80% e ampliar o acesso de motoristas à regularização. A medida, no entanto, gerou forte reação do setor, que prevê impacto direto na sobrevivência de milhares de empresas.
O presidente da Federação Nacional das Autoescolas (Feneauto), Ygor Valença, acusou o governo de “banalizar” a formação de condutores.
“Vão jogar esses trabalhadores e novos condutores na rua? A gente vê o fechamento de 15 mil empresas”, afirmou.
Valença também alertou para o aumento de acidentes e defendeu que a autoescola é o único momento de educação no trânsito para muitos brasileiros.
O secretário nacional de Trânsito, Adrualdo Catão, afirmou que a mudança beneficiará as próprias autoescolas, ao reduzir custos e ampliar a procura:
“Discordo da premissa de prejuízo. Quando você abre mercado, a demanda reprimida vem. Vai ser muito melhor para eles.”
Segundo Catão, a proposta se baseia em práticas internacionais (EUA, Canadá, Inglaterra, Japão, Paraguai e Uruguai) e responde ao dado alarmante de 20 milhões de brasileiros dirigindo sem habilitação.
Fim da obrigatoriedade de aulas em autoescolas.
Ensino teórico poderá ser presencial, a distância ou digital, via Senatran.
Fim da carga horária mínima de 20 horas práticas: candidato decide como se preparar.
Exames teórico e prático seguem obrigatórios.
Instrutores autônomos credenciados também poderão preparar candidatos.
Processo de inscrição feito pela Carteira Digital de Trânsito (CDT) ou site da Senatran.
Marcus Quintella (FGV Transportes) disse que a medida deve ser repensada diante do alto número de acidentes e da falta de educação para o trânsito no país:
“Não estamos preparados para isso ainda. Pode ser que no futuro seja interessante, mas hoje falta cultura e segurança viária.”
Ele sugere subsídios à CNH como alternativa à simples flexibilização.
A proposta é atribuída ao ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), e vista como tentativa de fortalecer a imagem do partido em ano pré-eleitoral.
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), afirmou que a ideia ainda precisa ser discutida com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Apesar disso, fontes indicam que o tema está alinhado com o Planalto.
A Câmara dos Deputados criou a Frente Parlamentar em Defesa da Educação para o Trânsito e da Formação de Condutores, articulada pela deputada Laura Carneiro (PSDB-RJ).
A Feneauto reuniu cerca de 1.000 manifestantes e 400 veículos em Brasília, pedindo diálogo e participação na formulação das mudanças.
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