Saúde Pública
Anvisa aprova primeira vacina 100% brasileira contra a dengue; imunizante será exclusivo do SUS a partir de 2026
Instituto Butantan lidera desenvolvimento em parceria com a empresa chinesa WuXi; eficácia contra formas graves chega a 89%
26/11/2025
15:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta quarta-feira (26) a primeira vacina contra a dengue totalmente desenvolvida e produzida no Brasil. O imunizante, elaborado pelo Instituto Butantan, recebeu parecer favorável de segurança e eficácia e será disponibilizado exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de 2026.
A decisão marca o encerramento de uma etapa iniciada há mais de uma década, com forte participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e investimentos contínuos do Ministério da Saúde, que também anunciou a inclusão do imunizante no calendário nacional de vacinação.
O imunizante utiliza tecnologia de vírus vivo atenuado, método amplamente empregado em vacinas distribuídas no Brasil e no mundo. A eficácia global registrada foi de 74,7% contra dengue sintomática e 89% contra formas graves e com sinais de alarme, segundo estudo publicado na The Lancet Infectious Diseases.
A vacina será inicialmente destinada a pessoas de 12 a 59 anos, faixa etária comprovada nos estudos clínicos. O Ministério da Saúde estuda a ampliação futura do público conforme a evolução das pesquisas.
Na próxima semana, o Ministério da Saúde apresentará o imunizante a um comitê de especialistas do SUS para definir a estratégia de vacinação e grupos prioritários. Segundo o ministro Alexandre Padilha, a produção nacional permitirá ao país criar um plano de proteção uniforme.
“A grande novidade é termos uma vacina 100% nacional que permitirá proteger todo o país. A parceria entre o Butantan e a empresa chinesa WuXi foi fundamental para garantir escala de produção e viabilizar a incorporação ao Programa Nacional de Imunizações já no ano que vem”, afirmou o ministro.
Hoje, o país distribui vacinas importadas a 2,7 mil municípios. Mais de 7,4 milhões de doses já foram aplicadas em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos desde o início da campanha com o imunizante atualmente em uso. Para 2025, estão garantidas 9 milhões de doses, e outras 9 milhões estão previstas para 2027.
Para estruturar a produção nacional, o Ministério da Saúde destina mais de R$ 10 bilhões por ano ao Instituto Butantan. Apenas para expansão da capacidade produtiva — incluindo a vacina contra a dengue — são R$ 1,2 bilhão via Novo PAC Saúde.
O BNDES, por meio do Funtec, investiu recursos decisivos em diferentes fases do projeto:
2017: R$ 97,2 milhões para ensaios clínicos e construção da planta de escalonamento;
2008: R$ 32 milhões para desenvolvimento de vacinas contra rotavírus, dengue e leishmaniose.
Para o presidente do banco, Aloizio Mercadante, a aprovação da vacina simboliza o papel estratégico da ciência nacional. “É uma conquista da ciência brasileira e uma vitória da saúde pública. O investimento público de qualidade salva vidas”, afirmou.
O desenvolvimento também resulta da cooperação com a empresa chinesa WuXi Vaccines, parceira na ampliação da escala de produção e na transferência tecnológica.
Apesar da redução expressiva nos casos em 2025 — queda de 75% em comparação com o ano anterior — o Ministério da Saúde alerta que o combate ao mosquito Aedes aegypti deve permanecer prioridade. O país registrou 1,6 milhão de casos prováveis até outubro, com maior concentração em:
São Paulo – 55%
Minas Gerais – 9,8%
Paraná – 6,6%
Goiás – 5,9%
Rio Grande do Sul – 5,2%
Os óbitos somaram 1,6 mil, número 72% menor que em 2024, mas ainda preocupante. São Paulo concentra mais de 64% das mortes registradas.
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