Política / Economia
IBGE: 8,6 milhões de brasileiros deixaram a pobreza em 2024, e 1,9 milhão saiu da miséria
País atinge menores índices da série histórica; mercado de trabalho e programas sociais explicam avanço
04/12/2025
07:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A pobreza e a extrema pobreza atingiram em 2024 os níveis mais baixos desde o início da série histórica da Síntese dos Indicadores Sociais (SIS), iniciada em 2012. Segundo dados divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira (3), 8,6 milhões de brasileiros deixaram a pobreza em um ano, enquanto 1,9 milhão saiu da miséria.
Em 2024, cerca de 48,9 milhões de pessoas viviam abaixo da linha de pobreza — 23,1% da população, com renda equivalente a R$ 23,13 por dia. Em 2023, eram 57,6 milhões (27,3%).
A população em situação de extrema pobreza somou 7,4 milhões de brasileiros (3,5% do total), sobrevivendo com menos de R$ 7,27 por dia. No ano anterior, eram 9,3 milhões (4,4%).
Ambos os indicadores — pobreza e miséria — alcançaram os menores valores absolutos e proporcionais da série medida pelo IBGE.
A metodologia segue parâmetros do Banco Mundial e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS):
Extrema pobreza = renda per capita menor que US$ 2,15/dia (R$ 218 mensais em 2024).
Pobreza = renda inferior a US$ 6,85/dia (R$ 694 mensais em 2024).
O IBGE ressalta que, embora o Banco Mundial tenha atualizado suas linhas de pobreza em 2025, as novas definições só serão incorporadas na próxima edição da pesquisa.
O instituto aponta que o maior dinamismo do mercado de trabalho foi decisivo para reduzir a pobreza, enquanto programas sociais tiveram peso maior na queda da extrema pobreza.
Sem as transferências de renda:
A extrema pobreza teria sido de 10% da população em 2024 (contra os atuais 3,5%).
A pobreza teria ficado em 28,7%, acima dos 23,1% efetivamente observados.
O Índice de Gini do rendimento domiciliar per capita caiu de 0,517 em 2023 para 0,504 em 2024, o menor já registrado.
Sem considerar benefícios sociais, o índice teria subido para 0,542, revelando o impacto dos programas de transferência na redução das desigualdades.
Entre 2023 e 2024, a renda domiciliar per capita cresceu 4,9%, alcançando R$ 2.017, o maior valor já registrado.
O aumento foi mais forte entre os mais pobres:
10% da população com menor renda: alta de 13,2% (R$ 248 mensais por pessoa).
10% mais ricos: alta de 1,6% (R$ 7.983 mensais).
Desde 2012, a renda dos 10% mais pobres cresceu 52,3%, enquanto a dos 10% mais ricos avançou 9,8%.
Embora todas as regiões tenham apresentado melhora, desigualdades persistem:
Nordeste: com 26,9% da população do país, concentra
50,3% dos extremamente pobres;
45,8% dos pobres.
Sudeste: 41,8% da população, mas
28,2% dos extremamente pobres;
28,3% dos pobres.
Norte: 8,6% da população, mas
11,4% dos miseráveis;
13,4% dos pobres.
A desigualdade territorial permanece evidente:
Extrema pobreza: 7,2% em áreas rurais, contra 3,0% nas urbanas.
Pobreza: 43% dos domicílios rurais, contra 20,4% nas cidades.
Os dados reforçam que o país avançou de forma significativa no combate à pobreza, mas ainda enfrenta desafios estruturais, especialmente na integração regional, geração de renda e redução das desigualdades históricas entre campo e cidade.
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