O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) aparece como o nome da direita com pior desempenho em um eventual segundo turno contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2026, segundo pesquisa divulgada pelo Datafolha.

De acordo com o levantamento, Flávio teria 36% das intenções de voto, enquanto Lula alcançaria 51%, uma diferença de 15 pontos percentuais. Brancos e nulos somariam 12%. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

O senador, que anunciou recentemente sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto, apresenta rejeição de 38% entre os eleitores ouvidos.

Família Bolsonaro concentra maiores taxas de rejeição

A pesquisa confirma que os nomes da família Bolsonaro são os mais rejeitados entre os eleitores, superando os índices observados entre governadores de direita.

• Flávio Bolsonaro: rejeição de 38%

• Eduardo Bolsonaro: rejeição de 37%

• Michelle Bolsonaro: rejeição de 35%

No cenário de segundo turno:

• Eduardo Bolsonaro: 35% contra Lula

• Michelle Bolsonaro: 39% contra Lula

Os três aparecem tecnicamente empatados na rejeição, segundo o Datafolha.

Já a rejeição a Lula é de 44%, índice inferior ao de seu principal grupo adversário. Se pudesse disputar, o ex-presidente Jair Bolsonaro seria o mais rejeitado, com 45%, mas segue inelegível após condenação por tentativa de golpe pós-eleição de 2022.

Governadores reduzem a vantagem de Lula

O levantamento também mostra que a disputa é mais equilibrada quando Lula enfrenta governadores da direita.

Contra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o presidente teria:

• 47% contra 42% de Tarcísio

Na simulação contra o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD):

• 47% para Lula

• 41% para Ratinho Jr.

Índices de rejeição entre os governadores:

• Tarcísio de Freitas: 20%

• Ronaldo Caiado: 18%

• Ratinho Junior: 21%

• Romeu Zema: 21%

Os dados confirmam que os governadores têm rejeição bem inferior à da família Bolsonaro, que supera a casa dos 35%.

Metodologia da pesquisa

• Instituto: Datafolha

• Entrevistados: 2.002 eleitores

• Municípios: 113 cidades

• Período: terça a quinta-feira, antes do anúncio de Flávio

• Faixa etária: acima de 16 anos

• Margem de erro: 2 pontos percentuais

O instituto também apontou que Lula manteve vantagem em relação aos adversários, em comparação com a última pesquisa realizada em julho.

Reação do PT: “direita sem bússola”

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que a direita se encontra fragilizada após a prisão de Jair Bolsonaro.

“A divisão da direita fortalece o nosso campo. Quem quer tudo termina sem nada”, declarou.

Segundo ele, Bolsonaro não quer abrir espaço para o protagonismo de Tarcísio, o que aprofunda as divisões no campo conservador.

Guimarães também citou episódios que teriam enfraquecido alianças da direita, como a participação de Michelle Bolsonaro em palanques no Ceará, que teria contribuído para a ruptura de articulações locais entre PL e PSDB.

Estratégia do PT para 2026

O líder governista apontou Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais como estados-chave para o PT:

• Rio de Janeiro:

  • Candidata ao Senado: Benedita da Silva (PT)

  • Apoio ao governo estadual: Eduardo Paes (PSD)

• São Paulo:

  • Possível candidatura de Fernando Haddad

  • Alternativa: apoio a Geraldo Alckmin (PSB)

• Minas Gerais:

  • PT ainda busca aliança para definir candidatura ao governo estadual

Leitura política do cenário

A pesquisa deixa claro que:

• A família Bolsonaro enfrenta níveis elevados de rejeição

• Flávio Bolsonaro surge como o nome com maior dificuldade eleitoral contra Lula

• Governadores da direita são, hoje, os adversários mais competitivos

• A fragmentação da direita beneficia estrategicamente o PT

O cenário indica que a disputa presidencial de 2026 tende a ser marcada menos por heranças familiares e mais por lideranças regionais com menor desgaste político.