Política Nacional
Flávio Bolsonaro admite negociar retirada da candidatura à Presidência e cita “preço” ligado à anistia
Declaração foi feita após culto em Brasília; senador diz que pode não levar a disputa até o fim e confirma conversas com lideranças partidárias
07/12/2025
14:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou, neste domingo (7/12), que pode não levar até o fim sua candidatura à Presidência da República em 2026 e declarou publicamente que existe um “preço” para desistir da disputa. A fala ocorreu após sua participação em um culto evangélico no Hípica Hall, em Brasília.
“Tem uma possibilidade de eu não ir até o fim. Eu tenho preço para isso. Eu vou negociar. Eu tenho preço para não ir até o fim. Só que eu vou falar para vocês amanhã”, declarou o senador a jornalistas.
Questionado se esse “preço” estaria relacionado à votação da anistia aos presos dos atos de 8 de Janeiro, Flávio respondeu de forma direta:
“Está quente, está perto”.
A participação no culto marcou o primeiro ato público de Flávio Bolsonaro desde que anunciou a pré-candidatura ao Palácio do Planalto, decisão tomada após aval do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que atualmente está preso por decisão judicial.
Segundo Flávio, o pai o sondava há algum tempo sobre a possibilidade de disputar a Presidência, mas o anúncio só foi feito após uma reunião familiar realizada na última semana, quando o grupo entendeu que havia chegado o momento político adequado.
Após a repercussão negativa inicial no mercado financeiro, Flávio classificou as avaliações como “precipitadas” e afirmou que pretende mostrar ao eleitorado um perfil diferente daquele associado ao sobrenome Bolsonaro.
“A partir do momento que eu tiver essa exposição, vamos mostrar um Bolsonaro mais centrado, que conhece a política, que conhece Brasília e que realmente quer a pacificação do país”, afirmou.
O senador confirmou que irá se reunir, já nesta segunda-feira (8/12), com as principais lideranças do campo conservador para discutir o cenário de 2026. Devem participar do encontro:
Valdemar Costa Neto, presidente do PL
Antônio Rueda, presidente do União Brasil
Ciro Nogueira, presidente do PP
Marcos Pereira, presidente do Republicanos (convidado)
Segundo Flávio, o encontro ocorrerá após os dirigentes “digerirem a notícia” da pré-candidatura.
A declaração sobre possível retirada ocorre dias após a divulgação de pesquisa Datafolha, que mostrou baixo apoio inicial ao seu nome como herdeiro político do bolsonarismo:
Flávio Bolsonaro: 8%
Michelle Bolsonaro: 22%
Tarcísio de Freitas: 20%
A escolha de Flávio frustrou setores do centrão e da própria direita, que defendiam um nome considerado mais pragmático eleitoralmente, como o do governador paulista.
A menção direta à anistia dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de Janeiro como possível “preço” para a retirada da candidatura insere o senador no centro da principal pauta de mobilização do bolsonarismo no Congresso. O tema tem:
Forte resistência no campo jurídico
Divisões dentro do próprio centrão
Alto potencial de desgaste institucional
A estratégia de Flávio indica que sua candidatura pode estar sendo usada como instrumento de pressão política sobre o Parlamento e sobre aliados.
Mesmo admitindo a possibilidade de desistência, Flávio afirmou que:
Seguirá ampliando alianças
Irá reunir apoiadores
Dará início à construção de um projeto de governo, caso permaneça na disputa
A fala do senador revela que:
A candidatura ainda não está consolidada
Existe negociação política em curso nos bastidores
A pauta da anistia ao 8 de Janeiro surge como moeda de troca central
A disputa dentro da direita permanece aberta e fragmentada
O cenário indica que a sucessão presidencial no campo bolsonarista ainda está longe de uma definição definitiva.
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