Política Internacional / Economia
Lula assina decreto que regulamenta Lei de Reciprocidade após sobretaxa de Trump
Medida permite ao Brasil adotar contramedidas comerciais e diplomáticas frente a barreiras unilaterais impostas por outros países
15/07/2025
13:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou nesta segunda-feira (14) o decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade, aprovada pelo Congresso em abril deste ano. A norma passa a permitir que o Brasil responda de forma proporcional e técnica a medidas unilaterais adotadas por outros países, como a recente sobretaxa de 50% imposta pelo governo de Donald Trump sobre produtos brasileiros.
O texto do decreto deve ser publicado na edição desta terça-feira (15) do Diário Oficial da União e estabelece os procedimentos para aplicação da lei, que prevê regras comerciais e ambientais recíprocas nas relações internacionais do Brasil.
A Lei da Reciprocidade autoriza o Brasil a adotar:
Contramedidas comerciais e diplomáticas em casos de barreiras ambientais ou econômicas injustificadas
Suspensão de concessões comerciais
Reavaliação de obrigações em acordos internacionais, inclusive sobre propriedade intelectual
Consultas diplomáticas antes da aplicação de sanções, com coordenação do Itamaraty
O modelo adotado evita respostas automáticas, privilegiando a diplomacia, mas garante agilidade nas reações, principalmente em situações emergenciais como a do tarifaço anunciado por Trump.
A Câmara de Comércio Exterior (Camex) será responsável pela aplicação técnica das medidas, garantindo decisões fundamentadas e menos suscetíveis a pressões políticas.
Além disso, o decreto cria um comitê interministerial, que será presidido pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e integrado por:
Rui Costa (Casa Civil)
Mauro Vieira (Relações Exteriores)
Fernando Haddad (Fazenda)
Ministros de áreas específicas conforme a pauta comercial
“É uma ferramenta de proteção quando medidas extraordinárias forem adotadas unilateralmente por outros países. A reciprocidade permite ao Brasil reagir rapidamente”, explicou o ministro Rui Costa.
A regulamentação ocorre poucos dias após o governo Trump anunciar a elevação da tarifa adicional de 10% para 50% sobre produtos brasileiros, impactando diretamente setores como o do etanol. Segundo interlocutores do governo brasileiro, a tarifa sobre o etanol subirá para 52,5% em agosto, considerando as taxas já existentes.
Produtos como aço e alumínio, que já enfrentam tarifas setoriais de 50%, não serão afetados pela nova sobretaxa, mas a reação brasileira pretende preservar a competitividade internacional dos produtos nacionais e abrir espaço para negociações comerciais mais equilibradas.
A assinatura do decreto simboliza uma mudança na postura do Brasil frente a agressões comerciais, marcando um momento de fortalecimento da soberania econômica e reposicionamento estratégico no cenário internacional.
A regulamentação dá respaldo para medidas futuras e eleva o peso da diplomacia brasileira nas negociações multilaterais, inclusive na Organização Mundial do Comércio (OMC), onde o governo já avalia recorrer contra os EUA.
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