Política Internacional
Em meio a tarifaço dos EUA, Lula e Xi Jinping reforçam defesa do multilateralismo e ampliam cooperação bilateral
China promete participação de alto nível na COP 30 e parceria em setores estratégicos; governo brasileiro avalia medidas de reciprocidade contra Washington
11/08/2025
22:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou por telefone nesta segunda-feira (11) com o líder chinês Xi Jinping, em meio às tensões comerciais provocadas pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Segundo o Palácio do Planalto, o diálogo durou cerca de uma hora e foi realizado a pedido de Lula.
De acordo com comunicado oficial, Brasil e China “concordaram sobre o papel do G20 e do BRICS na defesa do multilateralismo” e reiteraram críticas a medidas unilaterais, como a adotada pelo governo de Donald Trump.
Os dois líderes destacaram avanços nas sinergias entre os programas nacionais de desenvolvimento e se comprometeram a ampliar a cooperação em áreas como saúde, petróleo e gás, economia digital e satélites.
Segundo a agência estatal chinesa Xinhua, Xi Jinping afirmou que Brasil e China podem ser exemplo de “autossuficiência” e defendeu que “todos os países devem se unir contra o unilateralismo e o protecionismo”.
Lula, por sua vez, ressaltou o papel da China para o sucesso da COP 30, que será realizada em 2025, em Belém (PA).
“O presidente Xi indicou que a China estará representada em Belém por delegação de alto nível e que vai trabalhar com o Brasil para o êxito da conferência”, escreveu Lula nas redes sociais.
A China é hoje o maior parceiro comercial do Brasil. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), de janeiro a julho de 2025 as exportações brasileiras para o país asiático somaram US$ 57,6 bilhões (cerca de R$ 313 bilhões), enquanto as importações chegaram a US$ 41,7 bilhões (aproximadamente R$ 227 bilhões).
Paralelamente, o governo brasileiro prepara o anúncio de um plano de ajuda econômica para setores afetados pelo tarifaço norte-americano e, em seguida, pretende abrir o debate sobre medidas de reciprocidade.
A aplicação da Lei de Reciprocidade, aprovada e regulamentada neste ano, é considerada polêmica. Empresários temem que represálias contra os EUA encareçam importações e prejudiquem a economia. A orientação de Lula aos ministérios das Relações Exteriores, MDIC e Fazenda é avaliar ações pontuais, evitando retaliações amplas, com foco em áreas como óleo e gás, setor agrícola e farmacêutico.
Mais cedo, durante a entrega de um prêmio de educação no Palácio do Planalto, Lula afirmou que o Brasil precisa manter sua soberania diante de um cenário internacional “cada vez mais hostil”:
“O mundo está ficando mais perverso, mais nervoso, e nós precisamos de um país soberano, democrático, em que o povo brasileiro seja o único dono deste país.”
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