Política Nacional
Congresso derrota Lula e derruba vetos sobre licenciamento ambiental
Votação ocorre em meio à crise entre Executivo e Legislativo; parlamentares também restauram trechos do Propag
27/11/2025
14:45
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O Congresso Nacional derrubou, nesta quinta-feira (27), grande parte dos vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao projeto que flexibiliza as regras do licenciamento ambiental. A decisão representa uma das maiores derrotas recentes do governo em votações conjuntas de deputados e senadores. Ao todo, mais de 35 vetos foram derrubados, enquanto outros 28 destaques ainda estão pendentes de análise.
A ofensiva legislativa ocorre em meio ao forte desgaste político entre o Planalto e a cúpula do Congresso, especialmente com o presidente do Senado e do Congresso, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Alcolumbre convocou a sessão dois dias após ter sido contrariado na indicação ao STF. Lula escolheu o advogado-geral da União, Jorge Messias, em detrimento do seu preferido, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O gesto foi interpretado como um rompimento político.
Na Câmara, Hugo Motta também está em rota de colisão com o governo após atritos com o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), em temas sensíveis ao centrão.
Esse clima hostil foi determinante para a derrubada dos vetos — movimento lido como um recado direto ao Planalto.
Apesar da derrota ampla, governo e Congresso firmaram acordo para preservar os vetos relacionados à Licença Ambiental Especial (LAE), que seguirão suspensos enquanto avançam as discussões da medida provisória enviada por Lula para tratar do tema.
O relator da MP, deputado Zé Vitor (PL-MG), deve apresentar parecer já na próxima semana.
O governo havia reforçado na noite de quarta-feira (26) a necessidade de manutenção integral dos vetos, alegando que:
os trechos anulados fragilizariam a proteção ambiental;
o país vive cenário crítico de desastres climáticos;
a flexibilização pode gerar “efeitos imediatos e de difícil reversão”.
O Planalto vinha adiando a votação desde outubro por causa da COP30, temendo desgaste internacional.
Além do licenciamento ambiental, parlamentares derrubaram vetos ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas (Propag), após acordo fechado entre governo, Estados e Câmara.
A costura foi liderada pelo senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), com participação direta:
do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL),
e do líder do PP na Câmara, Dr. Luizinho (RJ).
O Rio é um dos Estados mais endividados do país e pressionava pela flexibilização.
Entre os trechos restaurados estão:
regras mais brandas para Estados em calamidade pública;
autorização para usar o Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR) no abatimento das dívidas;
permissão para deduzir da dívida valores investidos pelos Estados em obras de responsabilidade da União.
A derrubada dos vetos amplia o cenário de isolamento político do Planalto, que enfrenta:
desgaste com a cúpula do Congresso;
risco de novas derrotas em temas estratégicos;
clima hostil às vésperas da votação da indicação de Jorge Messias ao STF.
A avaliação em Brasília é que o episódio inaugura um novo patamar de enfrentamento, indicando que o governo terá dificuldades crescentes para manter sua agenda legislativa.
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