Agronegócio / Relações Internacionais
Governo dos EUA fará auditoria em frigoríficos brasileiros com foco em carne bovina e suína
Inspeções presenciais ocorrem entre 5 e 16 de maio; auditoria avaliará sanidade, infraestrutura e conformidade com exigências do FSIS
15/04/2025
15:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O governo dos Estados Unidos, sob a gestão de Donald Trump, realizará entre os dias 5 e 16 de maio uma auditoria técnica presencial em frigoríficos e laboratórios brasileiros que exportam carne bovina e suína para o mercado norte-americano. A inspeção será conduzida pelo FSIS (Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar), órgão vinculado ao Departamento de Agricultura dos EUA, responsável por garantir a segurança dos produtos de origem animal consumidos ou importados pelo país.
A visita abrangerá unidades de certificação, laboratórios e frigoríficos em diferentes estados brasileiros, além de uma passagem por Brasília, com reunião final de apresentação dos resultados prevista para o dia 22 de maio, em formato virtual.
A auditoria foi solicitada no início de 2025 como parte de uma rotina técnica, sem qualquer menção a irregularidades. Essas inspeções, segundo o FSIS, costumam ocorrer a cada dois ou três anos para validar a equivalência dos sistemas sanitários entre os países, exigência essencial para a manutenção da autorização de exportação ao mercado norte-americano.
Em 2017, o Brasil teve a exportação de carne fresca bovina suspensa pelos EUA após auditoria que identificou não conformidades sanitárias. A reabertura só ocorreu após adequações e nova avaliação.
O Brasil exportou, em 2024, cerca de US$ 945 milhões em carne bovina aos Estados Unidos, um aumento de 104% em relação ao ano anterior, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic). Apesar do crescimento, a carne bovina ainda representa apenas 2,3% das exportações brasileiras para os EUA.
Atualmente, 54 estabelecimentos brasileiros estão habilitados a exportar carne aos EUA, entre eles gigantes do setor como JBS, Marfrig, Minerva, Frisa e Aurora. A liderança global do Brasil nas exportações de carne bovina é consolidada, com 25,5% de participação mundial, seguido por Austrália, Índia e, em quarto lugar, os próprios Estados Unidos. Já no segmento de carne suína, os americanos lideram, à frente da União Europeia e do Brasil.
A auditoria norte-americana avaliará:
Frigoríficos autorizados à exportação
53 unidades de certificação do Ministério da Agricultura (MAPA), responsáveis pela inspeção federal
Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA), que analisam resíduos químicos (como antibióticos e pesticidas) e contaminantes microbiológicos, como a salmonella
A verificação vai conferir se o sistema sanitário brasileiro continua equivalente ao dos EUA, critério técnico para manter o status de exportador.
Até a publicação da reportagem, o Ministério da Agricultura, a Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos) e a ABCS (Associação Brasileira dos Criadores de Suínos) não se manifestaram sobre a auditoria.
A visita ocorre em meio a um rearranjo geopolítico no comércio de carnes, motivado pela guerra tarifária entre Estados Unidos e China, que tem beneficiado o Brasil como fornecedor alternativo. Em resposta às barreiras impostas pelos EUA, a China suspendeu a compra de carne de mais da metade dos frigoríficos americanos. Atualmente, 392 das 654 empresas habilitadas nos EUA estão com exportações suspensas por ordem da Administração-Geral de Aduanas da China.
Com isso, o Ministério da Agricultura brasileiro vê novas oportunidades para ampliar a participação no mercado chinês, especialmente com a viagem do presidente Lula à China prevista para maio, onde se reunirá com o líder Xi Jinping.
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