Sociedade / Desenvolvimento Social
Em 12 anos, quase metade dos jovens do Bolsa Família atingiu autonomia e deixou o Cadastro Único, revela pesquisa
Estudo do IMDS acompanhou 15,5 milhões de beneficiários entre 2012 e 2024 e aponta que 48,9% saíram da rede de proteção social
05/11/2025
11:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Um estudo inédito do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS) revelou que quase metade dos jovens que faziam parte do Bolsa Família em 2012 deixaram o Cadastro Único até 2024, sinalizando mobilidade social e autonomia econômica.
A pesquisa — intitulada “Determinantes da Saída do Cadastro Único: Evidências Longitudinais a partir dos beneficiários do Bolsa Família em 2012” — analisou a trajetória de 15,5 milhões de jovens com idades entre 7 e 16 anos à época, acompanhando sua evolução ao longo de 12 anos.
O levantamento mostra que:
48,9% (7,6 milhões de jovens) deixaram completamente o Cadastro Único;
17,6% (2,7 milhões) saíram do Bolsa Família, mas continuaram registrados no Cadastro Único — indicando melhora de renda, embora ainda com vulnerabilidade;
Somados, 66,45% dos jovens não dependem mais do programa de transferência de renda;
33,5% (5,2 milhões) permanecem no Bolsa Família, o que revela persistência de desigualdades estruturais.
Segundo o IMDS, os resultados indicam forte heterogeneidade na mobilidade social, refletindo tanto avanços na renda quanto as dificuldades de romper ciclos de pobreza.
O grupo analisado era majoritariamente composto por jovens pretos e pardos (73,4%), com 96% matriculados na escola, embora 27,4% estivessem em defasagem idade-série.
Cerca de 14,3% viviam em casas com materiais frágeis, e menos da metade (40,4%) possuía acesso à rede de esgoto.
As famílias chefiadas por responsáveis com ensino médio completo ou superior apresentaram maior probabilidade de desligamento do programa, assim como aquelas que já possuíam renda per capita superior a R$ 140 em 2012.
“A escolaridade do responsável e o acesso a empregos formais foram determinantes para a transição para fora da rede de assistência”, destaca o estudo.
Os dados mostram que a permanência no Bolsa Família está relacionada a condições mais severas de vulnerabilidade.
Jovens pretos e pardos tiveram menor probabilidade de saída em relação a brancos;
Famílias em moradias precárias e com menor escolaridade dos responsáveis permanecem mais tempo na rede;
O tempo de exposição ao programa também influencia: famílias que ingressaram há menos de dois anos até 2012 foram as que mais evoluíram socialmente até 2024.
A saída do Cadastro Único representa mobilidade socioeconômica real, segundo o IMDS, mas também evidencia desigualdades raciais e regionais que ainda limitam o alcance da autonomia.
O estudo conclui que o Bolsa Família atua como base de estabilização, permitindo que parte significativa dos beneficiários avance para novas condições de renda, educação e inserção no mercado de trabalho.
“Os resultados mostram que a proteção social pode ser transformadora quando combinada com políticas de educação e emprego”, resume o relatório.
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